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Indicação de Marluce Caldas ao STJ une JHC e Renan Filho e reconfigura tabuleiro político de Alagoas

A escolha da procuradora Marluce Caldas para ocupar uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ) movimentou os bastidores da política alagoana e nacional. Natural de Alagoas e tia do prefeito de Maceió, JHC (PL), Marluce foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sua nomeação deve ser oficializada nos próximos dias no Diário Oficial da União, após sabatina no Senado.
Mais do que um reconhecimento técnico, a indicação reflete um arranjo político cuidadosamente construído, com implicações diretas sobre o cenário eleitoral de 2026 em Alagoas. A articulação contou com o apoio de forças adversárias no estado: de um lado, o grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do ministro Renan Filho, e do outro, o entorno de JHC, aliado de Arthur Lira (PP-AL).
Fontes próximas às negociações indicam que, para viabilizar a nomeação da tia, JHC teria se comprometido com Lula a permanecer na prefeitura até o fim do mandato. Esse gesto foi interpretado como uma sinalização de distensionamento com o Planalto e abre espaço para uma nova configuração eleitoral.
Ao se retirar da disputa de 2026, JHC deixa o caminho mais livre para o deputado Arthur Lira tentar uma das duas vagas ao Senado por Alagoas, com respaldo do governo federal. Paralelamente, o senador Renan Calheiros deve buscar a reeleição, enquanto Renan Filho já articula sua candidatura ao governo estadual.
A aliança pontual entre JHC e Renan Filho — adversários políticos históricos — mostra que interesses comuns e estratégias eleitorais podem aproximar campos opostos. A nomeação de Marluce, nesse contexto, serviu de ponte para um alinhamento estratégico momentâneo, que pode influenciar diretamente os rumos das disputas em Alagoas nos próximos anos.
Marluce Caldas é formada em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e atua no Ministério Público de Alagoas desde 1986, com carreira consolidada nas áreas criminal e de direitos humanos. Ela foi promovida ao cargo de procuradora de Justiça em 2021.
A confirmação de seu nome ao STJ fortalece a presença alagoana nos tribunais superiores e revela como as decisões do Judiciário muitas vezes passam também pelo xadrez político que se desenha nos bastidores.