O Ministério da Saúde está orientando parlamentares a indicarem como deve ser distribuído um montante de pelo menos R$ 3 bilhões, que será alocado diretamente pela pasta com base em critérios políticos. A medida, que vem sendo chamada de “verba extra” nos bastidores de Brasília, deve beneficiar aliados do governo no Congresso Nacional, sem passar pelo tradicional sistema de emendas parlamentares.


Essa distribuição faz parte de um acordo articulado pela ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), durante as negociações para garantir a aprovação do Orçamento de 2025 no Legislativo. Segundo apuração da jornalista Natália Portinari, do portal UOL, a manobra amplia o chamado "orçamento informal" e levanta alertas sobre transparência e critérios técnicos na alocação de recursos públicos.


Ao todo, o valor reservado pode chegar a R$ 8 bilhões, considerando outros acordos em andamento para diferentes áreas do governo. No caso da Saúde, o recurso será gerido internamente, com parlamentares sendo convidados a indicar demandas locais que serão atendidas diretamente pela pasta.


A iniciativa reacende o debate sobre o uso de verbas públicas para fins políticos e lembra a polêmica do antigo “orçamento secreto”, extinto por decisão do Supremo Tribunal Federal, mas que segue ressurgindo em novos formatos.


Até o momento, o Ministério da Saúde não se pronunciou oficialmente sobre os critérios de escolha nem sobre os mecanismos de fiscalização da aplicação dos recursos. A oposição já se mobiliza para cobrar explicações do governo federal e promete levar o tema ao Tribunal de Contas da União (TCU).