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“Quando alguém que a gente ama morre, a gente não faz festa, a gente lamenta e chora”, diz padre sobre tradições da Sexta-feira Santa não serem mantidas

Feriado instituído pela Igreja Católica para reflexão sobre a crucificação de
Jesus Cristo e sua morte no Calvário, pelo Império Romano no ano 33, a
Sexta-feira Santa ou Sexta-feira da Paixão é considerada feriado
nacional em muitos países do mundo e em grande parte do ocidente,
especialmente nas nações de maioria cristã.
A data acontece anualmente e é o primeiro dia do Tríduo Pascal, que antecede o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa.
A tradição sugere que os fiéis se abstenham de qualquer tipo de prazer na
Sexta-feira Santa, façam algum tipo de penitência, mantenham hábitos
voltados para reflexão e oração, além de jejuar e não comer carne.
o vigário de Pastoral da Arquidiocese de Maceió, cônego Fernando
Bezerra, explicou que na Sexta-feira da Paixão a Igreja convida os
fiéis a contemplarem a morte de Jesus, pois dentro do contexto do Tríduo
Pascal é celebrada a morte, o sepultamento e a ressurreição de Jesus.
“Na sexta-feira, nós celebramos o primeiro dia do Tríduo, que é a morte de
Jesus. Então, a Igreja nos indica, neste dia, o silêncio reflexivo da
morte, ou seja, Deus morreu por nós, o filho de Deus encarnado. Então, o
primeiro dia do Tríduo é para refletir sobre a morte de Deus por nós.
Ele nos ama”, explicou o cônego.
O vigário afirma que algumas práticas são indicadas pela Igreja durante a Sexta-feira Santa e esclareceu o intuito delas.
“A igreja nos convida a fazer algumas práticas como o jejum e abstinência
de carne. O jejum porque nós estamos pensando no céu e o fazemos porque
ele ajuda a gente a domar nossos extintos. Em relação à abstinência de
carne, a Igreja recomenda que os fiéis não comam nada que tenha sangue
quente. Por isso, a gente come peixe, crustáceo e outros que não tenham
sangue quente, porque na Sexta-feira Santa a gente recorda a sangue
derramado na cruz”, ressaltou.

sacerdote contou ainda que muitas tradições das gerações mais antigas
não são mais respeitadas e seguidas. Ele afirma que só as pessoas idosas
vivem a data com luto, como se alguém que se ama tivesse morrido.
“Na época da minha avó, na minha casa a gente não podia tomar banho, pintar
o cabelo, se olhar no espelho, varrer casa, porque era um dia de luto.
Quando morre alguém na casa da gente, a gente não faz festa e não arruma
a casa. Hoje não, o povo tornou o velório um momento cívico de
‘amostramento’ (SIC). Na época da minha bisavó e avó, a Sexta-feira
Santa era um dia de luto e sofrimento para recordar o amor de Deus por
nós”, relata o cônego.
Para o vigário, é necessário que as pessoas tentem viver a realidade da
liturgia, onde se pede recolhimento e silêncio, mas atualmente só as
pessoas mais velhas preservam as tradições.
“As pessoas poderiam tentar viver um pouquinho dessa realidade, a liturgia
em si, onde pede recolhimento e silêncio. O povo mais antigo realmente
vive esse dia como o dia da morte de alguém que ama. Quando alguém que a
gente ama morre, a gente não faz festa. A gente lamenta e chora. Ou
seja, a gente pode chorar os nossos pecados refletindo na Paixão do
Senhor”, concluiu.
O que diz o Cristianismo sobre as tradições
Para o cristianismo, a Sexta-feira Santa representa o sacrifício de Jesus
Cristo na cruz. Ela é a principal data da Semana Santa. Neste período,
muitos devotos ficam com dúvidas sobre o que é permitido fazer neste
dia.
Confira abaixo o que o Cristianismo recomenda e o que não recomenda que os fiéis façam na Sexta-Feira Santa.
O que não pode fazer na Sexta-feira da Paixão:
Matar animais, mesmo para consumo;
Tirar leite de vaca;
Consumir carne vermelha;
Realizar trabalhos braçais;
Abrir estabelecimentos comerciais;
Ouvir música alta ou dançar;
Tomar café da manhã, sendo o jejum como penitência recomendado até o meio-dia;
Praticar atos sexuais;
Ingerir bebidas alcoólicas, evitar ficar embriagado;
Participar de festas;
Brigar ou proferir palavrões.