Notícias

Saiba quem foi Rás Gonguila, alagoano homenageado pela Beija-Flor na Sapucaí

Mestres, brincantes e artesãos alagoanos participaram do desfile.

Por redação 14/02/2024 01h01 - Atualizado em 14/02/2024 06h06
Saiba quem foi Rás Gonguila, alagoano homenageado pela Beija-Flor na Sapucaí
Rás Gonguila - Foto: Reprodução

A Beija-Flor de Nilópolis desfilou na noite deste domingo (11) na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro com o enredo "Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila". A escola contou a história do folião alagoano que se dizia descendente direto do último imperador da Etiópia.

Benedito dos Santos era engraxate no centro de Maceió, mas se tornou Rás Gonguila, o "herdeiro" do trono imperial de um país da África e também o fundador do maior bloco de carnaval de Maceió na época. As façanhas de Rás são contadas pelo amigo e historiador Carlito Lima.

"Quando ele era criança, ele errava o ponto do pião. O pião quando a roda e cai, dizem que ele gongou. Gongou, ficou gonguila e ele passou a vida toda como Gonguila. Ele se dizia que era Rás, que quer dizer príncipe etíope, príncipe na Etiópia
, disse Carlito.

Era engraxando sapatos em uma cadeira confortável que lembrava o trono de reis e rainhas que o elegante Rás, em seu terno branco, conseguia o dinheiro para organizar o maior bloco de Maceió, o Cavaleiro dos Montes.

"Ele era um negro alto, forte, bonitão. Só andava de paletó branco. Mesmo sendo engraxate, ele tinha uma cadeira confortável ali na Rua do Comércio [no centro de Maceió]. Depois de engraxar, ele pedia sempre o dinheirinho para o livro de ouro. Esse livro de ouro era sagrado para ele. Aquele dinheiro que ele arrecadava com o livro de ouro era para em setembro, outubro, começar a organizar o bloco Cavaleiro dos Montes, que era o maior bloco de frevo que tinha aqui em Maceió"
, disse o historiador.

Benedito dos Santos nasceu em Maceió em 1905 em uma rua entre as Igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de São Benedito, no Centro.

Os pais sofreram os horrores da escrivão. Já libertos e analfabetos, sobreviviam vendendo frutas nas ruas da velha cidade ou limpando os casarões dos barões do açúcar.

A vida terrena do imperador do carnaval de Maceió acabou em 1968 por um ataque cardíaco. Ele deixou cinco filhos e o legado para a cultura popular de Alagoas.

Anos depois de sua morte, Rás Gonguila vira tema de enredo do carnaval carioca, o que encheu de orgulho a família.






*Com G1/AL