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Trocas de mensagens entre deputado Carlos Jordy e golpistas motivaram buscas da PF

Segundo investigadores, Jordy trocou mensagens sobre bloqueios de rodovias e sobre os atos golpistas do 8 de janeiro.

Por g1 18/01/2024 20h08
Trocas de mensagens entre deputado Carlos Jordy e golpistas motivaram buscas da PF
O deputado Carlos Jordy (PSL-RJ). - Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Alvo de buscas nesta quinta-feira (18), o deputado federal Carlos
Jordy (PL-RJ) trocava mensagens com um grupo de golpistas no Rio – e
passava orientações sobre atos antidemocráticos.


As informações, obtidas pelo blog, fazem parte do inquérito e do
pedido de buscas da Polícia Federal, autorizado pelo ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na nova fase da operação
Lesa Pátria, deflagrada nesta manhã.


Segundo investigadores, Jordy trocou mensagens sobre bloqueios de rodovias e sobre os atos golpistas do 8 de janeiro.


O parlamentar participava de grupos de mensagens – ora atuando como
mentor, ora como articulador. E se valia da força política para garantir
poder de mobilização.


De acordo com a PF, há oito mandados sendo cumpridos no Rio de
Janeiro e dois no Distrito Federal. Os nomes dos alvos não foram
divulgados.


Entre os mandados cumpridos no Rio, há apoiadores radicais do
ex-presidente Jair Bolsonaro que montaram acampamento em frente à 2ª
Companhia de Infantaria, em Campos dos Goytacazes, após as eleições de
2022.


Ainda de acordo com os investigadores, há buscas contra membros de um
grupo extremista autointitulado "Associação Brasileira de Patriotas".
Membros desse grupo aparecem em fotos ao lado do ex-presidente Jair
Bolsonaro, do filho Jair Renan e de deputados bolsonaristas como Zé
Trovão.


A família Bolsonaro não é alvo desta fase da operação. A PF ainda vai
apurar o papel dessa "associação de patriotas" na organização dos atos
golpistas, e por que motivo alvos da Lesa Pátria tinham material desse
grupo.


Pela manhã, equipes da PF fizeram buscas no edifício-sede da Câmara
dos Deputados, em Brasília, no anexo onde ficam os gabinetes.


Os policiais chegaram a cogitar a abertura forçada do gabinete, mas a
medida não foi necessária porque um representante da Secretaria-Geral
da Câmara forneceu a chave.


Jordy confirma busca e nega envolvimento


Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta manhã, Carlos Jordy
confirmou que foi alvo de buscas em sua casa no estado do Rio de
Janeiro, e que os policiais levaram uma arma e dinheiro que estavam
guardados no imóvel.


"Os agentes até foram bem educados, diziam que estavam fazendo o
trabalho deles. Mas eu não sabia o que era, tive aqui o mandado, me
deram a cópia. Petição 11.986, eu desconhecia o que era. Eles estavam
buscando arma, celular, tablet. E pegaram, eu falei onde estava minha
arma, pegaram meu celular. Tentaram buscar outras coisas que pudessem me
incriminar, mas não encontraram nada. Queriam dinheiro, eu tinha R$ 1
mil aqui em casa", afirmou.


Jordy também negou que tenha participado de atos golpistas ou incentivado as manifestações com pautas antidemocráticas.


"Eu, em momento algum do 8 de janeiro, eu incitei, falei para as
pessoas que aquilo ali era correto. Pelo contrário. Em momento algum eu
estive nos quartéis-generais quando estavam acontecendo todos aqueles
acampamentos. Nunca apoiei nenhum tipo de ato, tanto anterior ou depois
no 8 de janeiro. Embora as pessoas tivessem todo o seu direito de fazer
suas manifestações contra o governo eleito", afirmou Jordy.


Mentores, financiadores e incitadores


Segundo a PF, o objetivo desta fase — a 24ª desde o início da Lesa
Pátria — é identificar os "mentores intelectuais, financiadores e
incitadores" dos atos antidemocráticos ocorridos entre outubro de 2022 e
janeiro de 2023.


Nesse período, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro
inconformados com a vitória eleitoral e a posse do atual presidente Luiz
Inácio Lula da Silva bloquearam rodovias, ocuparam portas de quartéis
e, em 8 de janeiro de 2023, depredaram as sedes dos Três Poderes em
Brasília.


Segundo balanço divulgado pela PF, até esta terça a operação Lesa Pátria já contabilizava:


97 mandados de prisão preventiva;


313 mandados de busca e apreensão;


R$ 11,7 milhões em bens apreendidos;


R$ 5 milhões em veículos apreendidos;


R$ 8,4 milhões em ônibus apreendidos.


Esses dados não incluem eventuais apreensões na fase mais recente da operação, deflagrada nesta terça.